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“Na nossa marcenaria, tudo é reaproveitado, desde a madeira até o prego. Utilizamos tudo o que recebemos e transformamos em novos produtos”. Essa é uma das filosofias adotadas na marcenaria da Colônia Agroindustrial de Palhoça, uma unidade prisional que abriga detentos do regime semiaberto da Grande Florianópolis. Lá, é produzida uma variedade de materiais, como portas, janelas, esquadrias, sofás, estantes, objetos de decoração e até mesmo móveis e mosquiteiros destinados a hospitais e escolas parceiras.

A marcenaria foi fundada em 2010 com o objetivo de aproveitar materiais descartados por empresas que operam dentro da unidade prisional, através de termos de cooperação para atividades laborais. Tudo começou com a doação de algumas máquinas antigas que estavam sem uso. A partir daí, pequenas ideias, como fazer uma prateleira, um balcão ou um tampão de mesa foram ganhando forma.

“O que antes era apenas um espaço com dois detentos trabalhando, hoje se tornou uma marcenaria completa com 18 internos em atividade. Ao longo dos anos, aproximadamente 70 detentos passaram pela marcenaria, e nenhum deles retornou ao sistema prisional. Se nosso objetivo era reeducar os internos, podemos dizer que conseguimos, com sucesso", afirmou Raphael Teodoro Hubert, o idealizador e coordenador da marcenaria.

Um exemplo do sucesso do projeto é Reinaldo Wolf, que cumpriu sua pena na Unidade e agora opera sua própria marcenaria. "Foi uma grande experiência e um ambiente de convivência muito bom. Era uma vida diferente ali, juntos em busca de um futuro melhor, com o real propósito de aprender", destacou.

Atualmente, os detentos aprendem com os mais experientes, mas a marcenaria já está cadastrada no Projeto de Capacitação Profissional e Implantação de Oficinas Permanentes (PROCAP) do Governo Federal. Isso significa que já começam a recebem recursos, equipamentos, capacitação e certificação profissional através do SENAI.

A marcenaria opera com base em parcerias e doações de insumos, sem custos adicionais ao Estado. As prefeituras, escolas, hospitais e outras entidades públicas colaboram fornecendo os materiais necessários para a produção dos itens e a marcenaria entra com a mão de obra e a capacitação dos internos.

“Nosso próximo passo é certificar profissionalmente nossos internos para depois modernizar nossos equipamentos e futuramente, quem sabe até efetivar um termo de cooperação com alguma empresa da iniciativa privada com produção industrial”, projeta Hubert.